Esta afirmação pode parecer estranha, mas vou explicar. Dentro da realidade que vivo na Umbanda, recebo muitas vezes a pergunta: qual a nação do seu terreiro/casa/templo/Ilê/etc.?
E eu respondo sempre: portuguesa.
Pois foi aqui, em Portugal, que ele nasceu.
Claro que eu entendo a pergunta.
Respondo assim para ver qual a reação das pessoas e para depois poder explicar.
E, normalmente, a reação não é nem um pouco favorável.
É do gênero: “Você deve estar a brincar!”, “Estou vendo que você não entende nada de Umbanda!” e por aí fora. Não é segredo para ninguém que a Umbanda é de nacionalidade brasileira, como também não o é que o espiritismo é francês, a igreja apostólica é italiana, ou melhor, romana, o budismo indiano, etc. Mas o que eu explico é que a Umbanda não é culto de nação, por isso ela não tem nação. Claro que tem, respondem-me uns até um tanto ofendidos. E eu volto a dizer que não. E isso não quer dizer que tenho algo contra o culto de nação, pelo contrário, respeito-os muito. O que eu quero é apenas esclarecer um pouco da confusão existente.
A Umbanda pode ter, e tem, influências de vários cultos de raízes afros, mas não tem e não é culto de nação. Esta confusão é bastante comum, e eu entendo bem isso, mas quando eu pergunto:
_ Você sabe quem fundou a Umbanda?
_ Você conhece a sua história?
A resposta é sempre afirmativa.
Então eu pergunto:
_ E qual é, ou era a nação de Pai Zélio de Morais? Ou da Tenda N. S. da Piedade?
A resposta é um silêncio.
É um silêncio, porque não tem!
Umbanda é Umbanda, culto de nação é culto de nação e ponto.
Um Terreiro de Umbanda pode ou não ter uma ação mais africanista do que outro e isso não quer dizer que estão escurecendo ou branqueando a Umbanda. Estão-se utilizando de métodos, de outras influências que, dentro do cosmos universalista da Umbanda, se adaptam e até se encaixam. Porém, se a Umbanda recebeu influências de cultos afros, ela também recebeu de cultos europeus e americanos.
Essas influências não podem ser consideradas como uma qualificação do culto, porque
senão teríamos Umbanda de Angola, Umbanda de Kêto, Umbanda de Gêge, Umbanda da
França, da Itália, do Brasil, de Portugal, indígena, etc.
A Umbanda tem uma nacionalidade, brasileira, porque nasceu ou foi fundada em solo brasileiro, mas tal como outras religiões e filosofias, popularizou-se, difundiu-se, espalhou-se e
hoje está no mundo, é universal e, como tal, adapta-se ao meio e condições onde se manifesta, sem profanar ou distorcer as suas raízes.
Assim, afirmo e repito: a nação do meu terreiro é portuguesa, porque nasceu aqui, em
Portugal, tal como existem terreiros franceses, americanos, suíços, brasileiros, etc. E continuo
afirmando, sem a intenção de querer ofender ninguém, mas esclarecer e desabafar: a Umbanda não tem Nação! Da mesma maneira que não tem linha ou cor.
Porque é que eu digo isto?
Porque as pessoas me perguntam: a sua Umbanda é de linha branca?
Tal como a pergunta da nação, eu entendo o que querem dizer. Estão perguntando se a minha Umbanda só faz o bem. A Umbanda não pratica nem pode praticar o mal, senão deixa de
ser Umbanda para ser outra coisa qualquer. A Umbanda está para nos auxiliar nas nossas
aflições, está para nos ensinar, nos mostrar um caminho, nos fazer crescer, melhorar, nos
conhecer. A Umbanda não é de linha branca, preta ou vermelha, a mais pesada de todas,
segundo algumas pessoas! Bom, deve ser porque a cor vermelha está associada à Justiça e à Lei Maior e, quando ela cobra as nossas faltas, deve ser um bocado “pesado”.
A Umbanda tem sete linhas, tem sete luzes, tem cores; a Umbanda tem muito amor, muita paz, alegria, muita felicidade.
Por isso, volto a afirmar: a Umbanda não é de linha branca, preta, verde ou vermelha; a Umbanda não é de Angola, não é de Kêto, não é de Nagô, não é de Gêge.
A Umbanda é de todas as cores, de todas as raças, de todos os povos.
A Umbanda só é Umbanda quando está no coração, essa sim, a verdadeira nação umbandista.
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