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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Porque estudar Teologia de Umbanda Sagrada?



Teologia é a ciência que trata de Deus seus atributos e perfeições, bem como suas relações com os homens.
Há duas formas de estudar religião, de dentro para fora e de fora para dentro.
De dentro, quem estuda é o religioso, fazendo e produzindo Teologia.
De fora, quem estuda é o cientista da religião, por meio das Ciêmcias Humanas.

A Teologia tem por tarefa explicar a religião.
Se há religião, há teologia.

As Ciências da Religião (Humanas) procuram apenas entendê-la como um fenômeno humano seja um fato social, psicológico, antropológico, histórico, filosofico ou outros. Sem no entanto estudar ou aprofundar em seus fundamentos, tarefa esta da Teologia.

Todo religioso quando passa a explicar sua religião produz Teologia.
Quem produz teologia é o religioso, independente de sua formação.

Só quem pode explicar a religião é o religioso, os demais devem tentar compreende-la.
Um Cientista pode questionar seus aspectos humanos nas mais variadas áreas.
Apenas o religioso faz crer, ensinar, preparar e iniciar a outros religiosos,
dentro de sua ciência a Teologia.

Assim como apenas a comunidade religiosa pode definir como quer ou deve preparar seus sacerdotes, ministros, ministrantes, reconhecidos ou não por meio de ata, estatuto (reconhecimento legal) ou certificado (reconhecimento de seu preparo), por este mesmo grupo que o identifica (reconhecimento afetivo-religioso).


Estudar Teologia é Estudar Religião.

Esta Ciência pode ser definida como um estudo racional de seu universo religioso, o que envolve desde os fundamentos mais básicos de seu ritual – sua liturgia – até conceitos mais elaborados de sua Gênese ou Cosmologia.

Estudar Teologia de Umbanda é estudar a Religião de Umbanda.

Teologia de Umbanda Sagrada é um estudo de todo o universo de Umbanda, desde os Orixás passando pelos guias e vindo até nós. Neste estudo se aborda Umbanda de forma teórica, sem a pretensão de mostrar a ninguém como deve ser o trabalho prático que as entidades tão bem realizam em templo (terreiro/centro/tenda/abacá/núcleo/Ilê/Tupãoca/ e outros), simplesmente com o objetivo de sanar aquelas dúvidas que muitas vezes não conseguimos esclarecer no dia a dia dentro do templo. 

É tempo de estudarmos realmente a Teologia de Umbanda Sagrada?

Podemos dizer que sim, pois, o estudo e a multiplicação do conhecimento sério e comprometido é a única maneira de mudarmos a atual situação da Umbanda, na qual cada um fala e faz o que quer dentro e fora da Religião de Umbanda.

Muitos umbandistas tem dificuldade em explicar o que pratica e porque pratica certos rituais, usa certos elementos, manifesta forças e poderes, por meio de entidades e orixás. Simplesmente porque não foram estimulados a estudar e se aprofundar no porquê de cada elemento que forma um todo, identificado como Umbanda. É certo que muitos não tiveram esta oportunidade de estudar, principalmente no que diz respeito aos “antigos”, mas hoje em dia já não cabe mais esta justificativa ou desculpa. Se Umbanda é a sua religião você deve estudá-la, seja aqui ou por outro meio.

Sabemos das dificuldades em estudar a Umbanda de forma auto-didata, pois já trilhamos este caminho, em que cada literatura afirma o contrário da outra e em que cada Mestre/Pai-de-santo/autor se torna o dono da verdade ultima de Umbanda.

Aqui não somos os donos da verdade ao estudar Umbanda, procuramos um caminho do meio, entre nossas convicções e a compreensão do “outro” umbandista. Cremos nos resultados de compreensão da religião por meio destes ensinamentos que permitiram a nós mesmos entender e praticar Umbanda de uma forma mais aberta e tranqüila. Sem dogmas ou tabus, já que tudo pode e deve ser explicado à luz da razão.

Umbanda é Mais que o nosso terreiro.

Nosso terreiro é Umbanda, mas a Religião de Umbanda é mais que nosso terreiro.
Nós somos Umbanda, mas Umbanda é muito mais que todos nós juntos.
A Religião de Umbanda vai para além de conceitos e verdades locais ou limitadas a este ou aquele terreiro. Fato importante este pois muitos umbandistas ao se decepcionarem com o terreiro em que freqüentam acabam abandonando a religião, pois estavam limitados ao templo físico e a seu orientador (sacerdote/dirigente/padrinho/pai-de-santo...).

Já foi comum na Umbanda, médiuns serem proibidos de ler livros de Umbanda, conhecer outras casas  ou fazer perguntas sobre a religião.

Não podiam ler “para não fazer confusão”, “para não desaprender”, não podiam freqüentar outras casas “para não cruzar as linhas” e não podiam fazer perguntas “porque não estavam preparados, ainda, para as respostas”.

Quando surgiram alguns Cursos de Umbanda, muitos foram e ainda são proibidos de freqüentar, e mais justificativas surgem, como “estão mercantilizando a Umbanda”, “Umbanda não se aprende em curso”, “vai pegar demanda” e outros como, por exemplo, desmerecer quem se dedica a ensinar sobre a sua religião.

Que outra forma existe para se organizar e passar o conhecimento aberto a todos, independente de onde vem, para onde vão e se são umbandistas ou não?

Assumindo o fato de que, nem sempre conseguimos manter um grupo de estudos em nosso próprio templo.  Seja por falta de tempo ou desinteresse, fica a pergunta:
Quantos conseguem se dedicar ao estudo constante e ensino religioso organizado e comprometido? Os resultados deste estudo (Teologia de Umbanda Sagrada) são positivos? Merecem crédito?

A árvore se reconhece pelos frutos.

Já na década de 1950 as Federações e outros Orgãos de Umbanda organizavam cursos de Casamento e Batizado, para orientar seus filiados. Algumas organizações e terreiros preparavam apostilas de conteúdo doutrinário. Muitos seguiam um modelo “Kardecista”, outros um modelo “Africanista” e terceiros um modelo mais “indianista” ou e até esotérico, místico, ocultista “europeu” .

O Primeiro curso de Umbanda aberto a todos, que temos noticia, foi criado por Ronaldo Linares (Presidente da FUGABC e Santuário Nacional da Umbanda) na década de 1970. Teve início como um “curso de médiuns” e com o tempo evoluiu para um Sacerdócio Umbandista. Rubens Saraceni criou em 1996 o Curso de Teologia de Umbanda, um curso teórico sobre a religião, no qual para estudar não é preciso ser médium e nem umbandista. Passados alguns anos estamos aqui contando milhares de pessoas que já se beneficiaram com este aprendizado.

Somos muitos que recebemos a missão de trabalhar na Umbanda e muitos a abandonam por não conseguir entender sua riqueza de elementos e complexidade litúrgica. Que, no entanto, podem ser explicados de uma forma simples, mas não simplista, pois na Umbanda há muito que estudar.

Nada mais tranqüilizador que a compreensão teórica do que se pratica, afinal como criar uma identidade umbandista e me reconhecer como tal, se não consigo ainda compreender o que estou praticando e o vem a ser Umbanda.

Umbanda tem Fundamento... É preciso preparar...

Existe a necessidade real do estudo, sem a pretensão de subestimar a prática, mas com o objetivo de criar uma consciência “religiosa” que vá além dos limites de “terreiro”.  Por falta dessa consciência a Umbanda já perdeu muito espaço e vem sendo criticada, tornando-se alvo, entre outros, de seitas que a discriminam e acusam de praticas negativas diante de seus médiuns muitas vezes sem condições teóricas de se defender ou argumentar sobre a ignorância deste preconceito e discriminação.

A falta de uma Teologia pensada, de uma doutrina e de um acompanhamento dos novos dirigentes de Tendas de Umbanda, resultou em erros irreparáveis e condutas pessoais que não tinham e não tem  nada a ver com o que nos ensina a espiritualidade.

Muitas pessoas, ainda despreparadas, mal instruídas e até incapazes para a direção de um Templo, abriram suas tendas, criando a sua própria Umbanda e deram vazão a seus emocionais desequilibrados e seus vícios religiosos, pois não aceitavam a condição de liderados e almejavam serem líderes, bajulados ou temidos.

Então muitos abandonaram a Umbanda, depurando-a. É uma questão de tempo, para que os atuais e remanescentes dirigentes da Umbanda realizem um trabalho de base, de doutrinação de seus médiuns, instruindo-os e ensinando-os a prepararem bons filhos espirituais, adeptos, médiuns e bons dirigentes de tendas. E então, a Umbanda conquistará seu verdadeiro espaço religioso, pois o tipo de trabalho realizado por ela, só os verdadeiros umbandistas podem realizar, porque são os herdeiros naturais dos sagrados Orixás.

Por isso, é necessário que todo sacerdote umbandista desenvolva uma consciência voltada para o aprendizado permanente.

Conceitos filosóficos, teológicos e doutrinários mais profundos, só surgirão com o amadurecimento da própria religião e quando todos os umbandistas desenvolverem uma consciência religiosa verdadeiramente de Umbanda e totalmente calcada em conceitos próprios, de uma religião brasileira fundamentada na existência de um Deus único (Seja qual for seu nome; Zambi, Olorum, Olodumare, Tupã...) e na sua manifestação por meio de suas divindades (os Sagrados Orixás, Tronos de Deus, Santos, Anjos ou Arcanjos).

O curso de Teologia de Umbanda Sagrada é totalmente teórico. Para participar não é necessário nenhum pré-requisito, apenas a vontade de aprender sobre os mistérios que envolvem esta nossa amada religião.

Considero este o mais importante de todos os Cursos voltados à Umbanda.

Para Umbandistas e Não-Umbandistas, Leigos e Eruditos, Estudiosos e Curiosos, Gente Simples e Gente Complexa, Iniciantes e Mestres, para todos que crêem e querem aprender mais sobre a Religião de Umbanda.

O Curso é Livre, independente de sua escolaridade, não é ensino de graduação superior e nem pretende ser, não tem nem busca reconhecimento de nenhuma instituição externa à Umbanda.

Este curso se faz valer por seu conteúdo e resultados junto a milhares de umbandistas que já passaram por aqui, a maior divulgação deste curso são justamente os irmãos que já estudaram “Teologia de Umbanda Sagrada” e recomendam a quem queira entender um pouco mais sobre a religião.

Quando um religioso começa a refletir e produzir material sobre a sua religião,
Está fazendo teologia, que é simplesmente o estudo e conhecimento do sagrado,
Partindo de dentro, do seio, do âmago de sua fé, pensando a mesma de uma
forma racional e compreensiva; em seus valores e fundamentos.

A Teologia Explica e faz Compreender
Doutrina, Ritual e Liturgia.

O conteúdo deste curso foi recebido mediunicamente por meu Irmão,
Amigo, Médium, Mestre e Pai Espiritual Rubens Saraceni.

Começamos os estudos de forma organizada como
Curso de Teologia de Umbanda Sagrada ou
Simplesmente Teologia de Umbanda
Em 1996.

Tenho a oportunidade de ministrar este conhecimento, dentro de “meu terreiro” desde que comecei a aprender, em 1996, e de forma aberta como um curso, além das portas do “meu” terreiro, desde 1999.

Para o Curso Presencial os alunos devem trazer caderno e lápis,
podem trazer, também, um gravador,
pois as aulas podem e devem ser gravadas (apenas áudio).

Para os que vão ingressar neste estudo recomendo como Leitura Inicial:

O Guardião da Meia Noite (Rubens Saraceni e Madras Editora – www.madras.com.br)
Doutrina e Teologia de Umbanda (Rubens Saraceni e Madras Editora – www.madras.com.br)
História da Umbanda (Alexandre Cumino e Madras Editora – www.madras.com.br )

Não Perca Esta Oportunidade Agora.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

O Preço de Não Escutar a Natureza


O Preço de Não Escutar a Natureza
Por Leonardo Boff

O cataclisma ambiental, social e humano que se abateu sobre as três cidades serranas do Estado do Rio de Janeiro, Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, na segunda semana de janeiro, com centenas de mortos, destruição de regiões inteiras e um incomensurável sofrimento dos que perderam familiares, casas e todos os haveres tem como causa mais imediata as chuvas torrenciais, próprias do verão, a configuração geofísica das montanhas, com pouca capa de solo sobre o qual cresce exuberante floresta subtropical, assentada sobre  imensas rochas lisas que por causa da infiltração das águas e o peso da vegetação provocam  frequentemente deslizamentos fatais..

Culpam-se pessoas que ocuparam áreas de risco, incriminam-se políticos corruptos que destribuíram terrenos perigosos a pobres, critica-se o poder público que se mostrou leniente e não fez obras de prevenção, por não serem visíveis e não angariarem votos. Nisso tudo há muita verdade. Mas nisso não reside a causa principal desta tragédia avassaladora.

A causa principal deriva do modo como costumamos tratar  a natureza. Ela é generosa para conosco pois nos oferece tudo o que precisamos para viver. Mas nós, em contrapartida, a consideramos como um objeto qualquer, entregue ao nosso bel-prazer, sem nenhum sentido de responsabilidade pela sua preservação nem lhe damos alguma retribuição. Ao contrario, tratamo-la com violência, depredamo-la, arrancando tudo o que podemos dela para nosso benefício. E ainda a transformamos numa imensa lixeira de nossos dejetos.

Pior ainda: nós não conhecemos sua natureza e sua história. Somos analfabetos e ignorantes da história que se realizou nos nossos lugares no percurso de milhares e milhares de anos. Não nos preocupamos em conhecer a flora e a fauna, as montanhas, os rios, as paisagens, as pessoas significativas que ai viveram, artistas, poetas, governantes, sábios e construtores. Somos, em grande parte, ainda devedores do espírito científico moderno que identifica a realidade com seus aspectos  meramente materiais e mecanicistas sem incluir nela, a vida, a consciência e a comunhão íntima com as coisas que os poetas, músicos e artistas nos evocam em suas magníficas obras. O universo e a natureza possuem história. Ela está sendo contada pelas estrelas, pela Terra, pelo afloramento e elevação das montanhas, pelos animais, pelas florestas e pelos rios. Nossa tarefa é saber escutar e interpretar as mensagens que eles nos mandam. Os povos originários sabiam captar cada movimento das nuvens, o sentido dos ventos e sabiam quando vinham ou não trombas d’água.  Chico Mendes com quem participei de longas penetrações na floresta amazônica do Acre sabia interpretar cada ruído da selva, ler sinais da passagem de onças nas folhas do chão e, com o ouvido colado ao chão, sabia a direção em que ia a manada de perigosos porcos selvagens. Nós desaprendemos tudo isso. Com o recurso das ciências lemos a história inscrita nas camadas de cada ser. Mas esse conhecimento não entrou nos currículos escolares nem  se transformou em cultura geral. Antes, virou técnica para dominar a natureza e acumular.
No caso das cidades serranas: é natural que haja chuvas torrenciais no verão. Sempre podem ocorrer desmoronamentos de encostas.  Sabemos que já se instalou o aquecimento global que torna os eventos extremos mais freqüentes e mais densos. Conhecemos os vales profundos e os riachos que correm neles. Mas não escutamos a mensagem que eles nos enviam que é: não construir casas nas encostas; não morar perto do rio e preservar zelosamente a mata ciliar. O rio possui dois leitos: um normal, menor, pelo qual fluem as águas correntes e outro maior que dá vazão às grandes águas das chuvas torrenciais. Nesta parte não se pode construir e  morar.
Estamos pagando alto preço pelo nosso descaso e pela dizimação da mata atlântica que equilibrava o regime das chuvas. O que se impõe agora é escutar a natureza e fazer obras preventivas que respeitem o modo de ser  de cada encosta, de cada vale e de cada rio.
Só controlamos a natureza na medida em que lhe obedecemos e soubermos escutar suas mensagens e ler seus sinais. Caso contrário  teremos que contar com tragédias fatais evitáveis.

Leonardo Boff, pseudônimo de Genézio Darci Boff (Concórdia, 14 de dezembro de 1938), é um teólogo brasileiro, escritor e professor universitário, expoente da Teologia da Libertação no Brasil. Foi membro da Ordem dos Frades Menores, mais conhecidos como Franciscanos. É respeitado pela sua história de defesa pelas causas sociais e atualmente debate também questões ambientais.
Seus questionamentos a respeito da hierarquia da Igreja, expressos no livro Igreja, Carisma e Poder, renderam-lhe um processo junto à Congregação para a Doutrina da Fé, então sob a direção de Joseph Ratzinger, hoje Papa Bento XVI. Em 1985, foi condenado a um ano de "silêncio obsequioso", perdendo sua cátedra e suas funções editoriais no interior da Igreja Católica. Em 1986, recuperou algumas funções, mas sempre sob severa vigilância. Em 1992, ante nova ameaça de punição, desligou-se da Ordem Franciscana e pediu dispensa do sacerdócio. Sem que esta dispensa lhe fosse concedida, uniu-se, então, à educadora popular[1] e militante dos direitos humanos Márcia Monteiro da Silva Miranda, divorciada e mãe de seis filhos. Boff afirma que nunca deixou a Igreja: "Continuei e continuo dentro da Igreja e fazendo teologia como antes", mas deixou de exercer a função de padre dentro da Igreja,.[2][3]
Sua reflexão teológica abrange os campos da Ética, Ecologia e da Espiritualidade, além de assessorar as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e movimentos sociais como o MST. Trabalha também no campo do ecumenismo.