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sábado, 6 de novembro de 2010

Até Quando Vamos Continuar Ouvindo Estas Noticias?



PMs acusados de jogar sacerdotisa em formigueiro
"para afastar satanás"

Membros ligados à religião afro-brasileira em Ilhéus estão acusando policiais militares do II BPM de promover intolerância religiosa e atos de racismo durante operação ocorrida no Assentamento D. Helder Câmara, no último sábado. De acordo com a denúncia, questionados por uma sacerdotisa sobre a legalidade de uma operação no local, sem mandado judicial, levando em consideração de que o assentamento fica sob a jurisdição do Instituto Nacional e Colonização de Reforma Agrária (Incra), os policiais reagiram enquadrando homens, mulheres e crianças, sob mira de metralhadoras, pistolas e fuzil. Na versão da Polícia Militar, a ação ocorreu após receber denúncias de que havia drogas e armas no local.

De acordo com os assentados, os policiais se sentiram desacatados com a insistência sobre a legalidade da operação e o comandante do grupo teria autorizado a prisão da sacerdotisa Bernadete Souza. “Neste momento o orixá Oxossi incorporou na sacerdotisa que, algemada, foi colocada e mantida num formigueiro onde foi atacada por milhares de formigas provocando graves lesões, enquanto os PMs gritavam que as formigas eram para “afastar satanás”, afirmou uma testemunha ao Jornal Bahia Online. A PM nega. Mas disse que maiores informações sobre o caso só dará na presença do jornalista por que não está autorizada a liberar informações por telefone. Mas durante a ligação inicial, o Major PM Rício, disse que a reação da sacerdotisa teria sido excessiva, daí a sua prisão. E “se houve algo de formigueiro, desconheço. A não ser que tenha sido um acidente”, revelou, alegando que há uma certa dose de exagero na denúncia.

“Quando os membros da comunidade tentaram se aproximar para socorrê-la um dos policiais – de acordo com a versão de testemunhas – teria apontado a pistola para cabeça da sacerdotisa. Ainda na versão dos assentados, enquanto Bernadete, algemada, era arrastada pelos cabelos por quase 500 metros e em seguida  jogada  na viatura, os policiais, segundo eles, “numa clara demonstração de racismo e intolerância religiosa”, gritavam “fora satanás”!

Na delegacia da Polícia Civil para onde foi conduzida, Bernadete ainda incorporada e bastante machucada teria sido, de acordo com a denúncia, colocada algemada em uma cela onde havia homens, enquanto policiais ironizavam que tinham chicote para afastar “satanás”, e que  os Sem Terra fossem se queixar ao Governador e ao Presidente.

Os policias militares registraram na delegacia que a manifestação dos orixás na sacerdotisa Bernadete se tratava de insanidade mental.  O Jornal Bahia Online apurou que Bernadete já foi ouvida pelo comando da PM que deve abrir uma sindicância para apurar os fatos. “Qualquer atitude minha agora seria emitir juízo de valor e não farei isso”, disse o Major Rício, de forma educada ao repórter do JBO, convidando-o para, pessoalmente, conversar sobre o ocorrido.
A Construção Histórica da Literatura Umbandista
Por Alexandre Cumino

Este é o titulo do recém lançado livro do autor, amigo e irmão de fé, Diamantino Fernandes Trindade,
no qual fui convidado a prefaciar, o que foi a mim uma honra, prazer e oportunidade.

Honra para mim, por ser o autor um dos poucos ou quiçá o único historiador umbandista e da Umbanda com títulos publicados; prazer pois muito me interesso pelo assunto e oportunidade por desfrutar da amizade de um irmão dedicado que já há muito tempo está neste mesmo caminho ao qual percorreu por diferentes vias de acesso e informação.

Diamantino é generoso, compartilha todas as informações e material que lhe chega às mãos, o que me permitiu tomar conhecimento de alguns títulos raros como “No Mundo dos Espiritos” de Leal de Souza, 1925, exemplar único garimpado pelo historiador em seu perfil de pesquisador.

Extremamente ético, não vamos encontrar na obra do irmão qualquer crítica infundada ou tentativa de desmerecer o trabalho alheio, com relação a outros autores, escritores e ou sacerdotes e médiuns umbandistas, bem como outros segmentos como o Culto de Nação ou Culto de Jurema.

Nosso irmão se concentra no melhor que uma “lente” aguçada e coerente poderia observar e apresentar como relevante, para um aprofundamento e tomada de conhecimento acerca da obra de outros umbandistas, igualmente escritores.

Escrever sobre a Umbanda, como diria o Mestre Hanamatan, não é tarefa para leigos, aventureiros ou curiosos, afinal há determinados assuntos que se deve escrever com propriedade ou simplesmente se calar .

Decelso afirma que Umbanda é Luz que ilumina os fracos e confunde os poderosos. Embora muitos não percebam esta afirmação revela um perfil interessante da Umbanda, apresentar os arcanos da espiritualidade de forma simples e adaptável a diferentes realidades.

Rubens Saraceni afirma que Umbanda traz em si energias vivas e divinas... que se amoldam  segundo nosso entendimento de mundo.

Uma mesma Umbanda sob outro olhar se revela “outra umbanda”.

Empreender um mergulho neste universo, tão UNO e ao mesmo tempo tão DIVERSO, na realidade do “outro” umbandista é sempre uma aventura, uma viagem rumo ao desconhecido tão familiar. Mas não basta navegar em águas tranqüilas na superfície, quem quer conhecer esta realidade, este “cosmos religioso”, deve mergulhar nesta fonte da longa vida, que confere a imortalidade a todos que estiverem dispostos a morrer e nascer de novo.

Benjamim Figueiredo e Caboclo Mirim afirmavam que Umbanda é coisa séria para gente séria, e seguindo esta orientação sentimos o peso da responsabilidade que é falar sobre a fé alheia, daqueles que são nossos irmãos, sabendo que uma palavra certa levanta na mesma medida em que a palavra torta derruba.

A Umbanda é um milagre vivo diante  dos nossos olhos deslumbrantes (Capitão Pessoa);  A Umbanda é a Luz Divina, é a Força, é a Fé, ou melhor : é a própria vida (Aluizio Fontenele); A Umbanda é uma ação organizada contra o erro e a maldade (João Severino Ramos); Umbanda é um sincretismo nacional afro-aborígene, espírita cristão (Jamil Rachid); Umbanda é uma religião espírita, ritmada, ritualizada, euro-afro-brasileira (Ronaldo Linares); Umbanda é uma religião heterodoxa (Diana Brown); Umbanda é, sobretudo, multiforme, um sistema religioso estruturalmente aberto (Lísias Nogueira Negrão); diversa, se encontra uma certa unidade na diversidade (Patricia Birmam) ou como diria nosso maior exemplo, Zélio de Moraes,  e aquele que afirmava ser o menor dos espíritos Caboclo das Sete Encruzilhadas, Umbanda é a manifestação do espírito para a prática da caridade, é fazer o bem sem olhar a quem, amor e caridade.

Com cada um destes irmãos e mestres aprendemos algo ou partes de um todo que transcende a realidade material; inefável.

Todos buscam palavras, chaves e códigos de interpretação para o que não se alcança, senão por símbolos que revelam e ocultam ao mesmo tempo. Impossível de ser contida ou enlatada, mais que religião com suas formalidades, rituais e doutrina, abre espaço para a experiência mística. Coube a nosso irmão Diamantino selecionar o melhor de cada um dos autores que fazem parte desta construção histórica e literária umbandista.

A nós, cabe aproveitar o néctar das flores plantadas por todos aqueles que nos sucederam e dar
Continuidade no cultivo das mesmas.

A mim, só resta recomendar e desejar boa leitura, boa Umbanda... bom futuro para nós e para a nossa religião enquanto houver pessoas interessadas em aprender e ensinar nossos fundamentos.

A sabedoria do Oriente nos diz que para se receber algo de novo, deve-se esvaziar o copo, para não transbordar e diz também que:
"Deus não impôs ao ignorante a obrigação de aprender, sem antes ter tomado de quem sabe, o juramento de ensinar."
Alexandre Cumino


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