Conhecemos mais de perto Preto Velho e Preta Velha, no entanto também há Caboclo Velho, Cabocla Velha, Exu Velho, Pomba Gira Velha, Baiano Velho, Marinheiro Velho, Boiadeiro Velho... pois são na maioria entidades que trabalham além de sua linha de ação e reação o mistério ancião, regido por Obauayê e Nanã Buroquê. Onde encontrarmos um “Velho” ali está presente algo que se relaciona com estes dois Orixás. No entanto para além do mistério em si, para além de classificações, tabelas, linhas de trabalho e relações entre espíritos e orixás está a figura do velho.
Quem é o Velho?
Alguns espíritos podem plasmar a forma de um velho, mas não podem plasmar a sabedoria de um “nobre ancião”, podem se sentar pedir um cachimbo, agir como tal, mas não podem reproduzir o sentimento e experiência de quem alcançou o “grau”, que se conquista ao absorver o mistério “ancião” concedido a “espíritos velhos”.
O que são “Espíritos Velhos”?
Afinal aprendemos que “Espirito” não tem sexo, não tem cor, não tem raça e nem idade!!!
Mas tem “identidade”, diferente do nosso conceito de identidade, embora alguns espíritos recém desencarnados e outros apegados a alguma de suas vidas mantenha como identidade o que ele experienciou na ultima encarnação. Precisamos ainda durante décadas no astral manter uma certa identidade relacionada com a ultima encarnação até mesmo para nos relacionarmos com nossos parentes ainda encarnados e outros desencarnados.
Mas há espíritos que estão libertos do conceito de que sou o que fui na ultima encarnação, há espíritos que conseguem se lembrar de muitas encarnações, reviver e relembrar suas várias vidas, algo que se conquista com um certo grau de evolução ao qual boa parte de nós almeja conquistar. Pois só há uma palavra para descrever esta condição maturidade espiritual ou maturidade existencial. Aqueles que alcançam este ponto de evolução já estão se distanciando da necessidade de reencarnar, pois é justamente o desapegoa este mundo e toda a sua materialidade que nos dá uma liberdade de trancender o modo material cristalizado na ultima ou ultimas encarnações. Espíritos que já reencarnaram muito passam períodos maiores no astral entre uma encarnação e outra, espíritos que tiveram poucas encarnações passam períodos menores de intervalo entre as encarnações o que também varia de acordo com a condição de luz e esclarecimento de cada um. Afinal quanto mais ascencionado menos necessidade de encarnar, então vamos encontrar espíritos missionários que mesmo libertos das amarras da carne com seus apegos pedem para nascer nesta ou naquela família e grupo sócio-cultural para ajudar a coletividade lançando valores superiores, quase sempre por meio de atitudes e menos por palavras. Como Cristo, Buda, Mahavira, Chico Xavier, Zélio de Moraes, Tereza de Calcutá, Ramakrisna, Vivekananda, Martin Luther King, Malcon X, Sai Baba, Dalai Lama, Osho... etc.
No astral aqueles que já tiveram muitas encarnações e trazem vivas as experiências e lições aprendidas tem uma maturidade maior que os demais e é esta maturidade que os coloca na condição de “Velho”, Ancião, pois Viveu Muito Mais que os demais no que diz respeito a sua consciência das experiências apreendidas.
Por isso espiritualmente falando “Um Velho” não é apenas um velho e sim um sábio o que transcende uma forma plasmada. Tenha sido ou não um velho negro e escravo, um Preto Velho é um sábio e em boa parte das vezes se trata de um “Espirito Velho”, que já teve muitas vidas e as traz de forma consciente... o que podemos observar verificando que muito pouca coisa o assusta ou surpreende e se conceito de ser humano é sempre aberto e inclusivo, todas as diferenças culturais, sociais ou raciais são para os velhos pura bobagem de crianças que ainda não aprenderam a lição... a dura lição que por bem ou mal r\todos iremos aprender, mais dia ou menos dia... no passar dos tempos, vidas após vidas na construção de nossa identidade maior, na lapidação de nosso ser atemporal.
Só podemos agradecer a estes Velhos que se dignam vir até nos ainda crianças para nos trazer um pouco de sua sabedoria milenar, que atravessa esta névoa de ilusão passageira a qual costumamos definir como nossa realidade.
Salve os Pretos Velhos e Pretas Velhas de Umbanda
Que o Mistério Ancião nos cubra a todos com seu véu de sabedoria e maturidade
Nos inspirando paciência, resignação, tolerância, perdão, amor e sabedoria...
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