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terça-feira, 5 de abril de 2011

Orixá Exu


Orixá Exu

Sei que para alguns ainda é difícil entender a diferença entre Orixá Exu e Entidade Exu. O Orixá Exu é a nossa forma de entender uma divindade de Deus, a Divindade ou “Trono da Vitalidade”, aquele que dá vitalidade à toda a criação. A entidade exu é um espírito humano que trabalha com este mistério, todos os exus de Umbanda, todas as entidades exu, trabalham sob o amparo e sustentação do Orixá Exu.

Podemos dizer que o Orixá Exu está para as entidades Exu, assim como Oxossi está para os Caboclos, Obaluayê está para os Pretos-velhos ou Ibeji está para as Crianças.

Também já foram pensados sincretismos de santos com Orixá Exu, como o próprio Expedito, Santo Antônio, São Pedro e até Menino Jesus em alguns lugares do Caribe, no qual Exu não foi demonizado e guarda em um de seus aspectos a forma jovial e inocente, que justifica sua irreverência e traquinagens mitológicas. Algo semelhante se dá com Khrisna criança que se diverte com as próprias estripulias ou com Hermes grego que ainda criança faz mil e uma artes e até rouba os rebanhos de seu irmão Apolo.

No caso do Orixá Exu ou Trono da Vitalidade, trata-se de uma divindade que atua em todas as vibrações, em todas as linhas a partir de si mesmo ou por meio dos outros Orixás. Mas este já é assunto para outro texto, ou ainda para a leitura dos títulos  Livro de Exu – O Mistério Revelado  e Orixá Exu (Rubens Saraceni – Ed. Madras).

Quanto a Divindade ou Trono da Vitalidade também assume nomes diferentes e formas variadas nas diversas culturas, é para nós o Orixá Exu. Encontrar suas manifestações diversas é trabalho de pesquisa muito enriquecedor pois estudar outras manifestações do mesmo mistério nos traz maior compreensão sobre o mesmo.
O conteúdo abaixo faz parte do título Deus, Deuses, Divindades e Anjos , do excelente autor Alexandre Cumino, eu mesmo, rs. Os resultados são fruto dos estudos de “Teologia de Umbanda Sagrada”, no tema “Orixás – Teogonia de Umbanda” e assunto “Estudo Comparado dos Orixás”.

Orixá Exu – O Trono Masculino da Vitalidade
Por Alexandre Cumino
Exu, Shiva, Hermes, Pã, Príapo, Dionísio, Min, Bes, Seth, Savitri, Lóki, Baal, Shulpae, Shullat, Kanamara Matsuri, Baco, Anzu, Comentários.
Exu Divindade africana, da cultura Nagô que predomina na região da atual Nigéria e parte da Republica Popular do Benim. É o Trono da Vitalidade e também um Trono Tripolar (vitaliza, desvitaliza ou neutraliza toda e qualquer ação).
Orixá Exu tem origem Nagô, onde é Divindade fálica, age também no sentido do vigor físico e espiritual. Seu nome, na língua Yorubá, quer dizer Esfera, mostrando ser uma Divindade que atua em Tudo e em todos os campos.
Considerado o mensageiro dos outros Orixás, Exu vitaliza ou desvitaliza qualquer um dos sete sentidos, sendo muito evocado e muito atuante pela abrangência de seu mistério.
O tridente, ferramenta de Exu na Umbanda, nunca teve conotação negativa, pelo contrário. O Tridente sempre foi algo divino nas culturas pagãs anteriores ao Cristianismo, por isso a cultura católica fez questão de pregar o inverso, para facilitar a conversão de seus fiéis e fazer com que esquecessem os mistérios a que tinham acesso direto. Agora o único acesso a qualquer mistério estaria na mão de um Sacerdote Católico.
Podemos citar o uso de Tridente por Zeus, Netuno, Tritão, Posseidon e Shiva, entre outros. Esses tridentes mostram o valor divino concedido a eles; a trindade; o alto, o meio e o embaixo; Céu, Mar e Terra; Luz, sombra e trevas; Pai, Mãe e Filho; etc. Na cultura católica, essa trindade perde toda sua relação com o tridente e aparece apenas como Pai, Filho e Espírito Santo, deixando de lado o elemento feminino, tão importante, que se concentrará na figura de Maria, Mãe de ­Jesus.
Assim, Exu evoca seu mistério do vigor e o mistério tridente já tão deturpado em nossa cultura, mas de grande valor como mistério divino, pois trás em si poder de realização, desde que manifesto da forma correta.

Elegbara – Também conhecido como Elegba, Legba, Elebá, Lebá, Elegua, Légua e outros é divindade da cultura Gêge, Vodun, na língua Fon. Seu nome significa Poderoso , tem em si todas as qualidades do Orixá Exu, e de cultura tão próxima na África houve também sincretismos. Elebara é sinônimo de Exu e tornou-se na cultura Yorubá, também, uma das qualidades do Orixá Exu.

Aluvaiá – Este é o nome da Divindade da Vitalidade na cultura bantu, na língua quimbundo, portanto é um “inquice”, é o Exu dos Cultos Angola/Congo. 
Shiva –  Divindade hindu, é a terceira pessoa da trindade formada por Brama, Vishnu e Shiva, na qual um constrói, ou outro mantém e o terceiro destrói a criação para que torne a construir outra vez. Tem como consorte (esposa) Parvati, que também se manifesta como Durga ou Kali. Pai de Ganesha a quem deu o titulo de Senhor dos Exércitos de Shiva. Shiva reina sobre todos os seres “infernais” e “trevosos” ele tem o poder destruidor e transformador. Shiva é o grande Yogue o Maha Deva (Grande Deus), todos vão a sua cidade natal Varanasi para passar os últimos dias de vida ao lado do Rio Ganges assim depurando o carma, para ao desencarnar na Cidade de Shiva ficar livre da roda dos renascimentos, Sansara. Shiva é Fálico, nos seus rituais chamados Puja o sacerdote Pujari, faz oferendas em torno de um lingan que representa o falo de Shiva. O lingan é todo besuntado com (iogurt) e mel que também consiste da oferenda. Shiva usa um Tridente que representa seu poder trino, enquanto terceira pessoa, e também para lembrar que onde está uma pessoa está as três pessoas. O Tridente também representa o poder no Alto, no meio e no Embaixo.
Shiva enquanto terceira pessoa da trindade também manifesta qualidade de outras divindades ou Orixás, pois uma de suas manifestações é chamada de Nataraja quando Shiva aparece dançando dentro de um circulo de fogo. Sua dança é quem mantém o universo em constante movimento, é a Dança Cósmica do Universo. No fogo, na dança e na destruição podemos associar Shiva a outros Orixás, o que é normal pois mesmo Ogum se manifesta de formas diversas, quando manifesta a lei no campo dos outros Orixás. 
Hermes — Divindade grega, filho de Zeus com a ninfa Maia, é o mensageiro dos Deuses. Responsável por tudo que se relacionasse com movimento, viagem, estradas, moeda e transações comerciais. Por isso aparecia sempre usando um chapéu de viajante e sandálias aladas. Na mão, levava uma varinha mágica feita de duas cobras enroscadas em uma haste.
— Divindade grega, filho de Hermes, torso humano, pernas e chifres de bode, deus dos campos, dos pastores e dos bosques. Adorava a companhia de Sátiros, excelente músico e  dançarino, adorava perseguir as ninfas. De voz aterradora é a partir de seu nome que surgiu a palavra “pânico” que diz respeito a assustar-se com a presença de Pã.
Príapo Divindade grega, filho de Afrodite e Hermes, Divindade fálica da fertilidade.
Dionísio — Divindade grega, filho de Zeus e de Sêmele, Deus dos vinhos e folguedos, vagava por todo o país bebendo vinho e dançando sem parar.  Teve seu culto inicial mais ligado aos aspectos de divindade da floresta, possuindo qualidades fálicas foi deixando para trás sua natureza vegetal, lembrada apenas pelo vinho e videiras. Como divindade fálica, aparece com sobrenomes como Ortos, “O Ereto”, e Enorques, “O Bitesticulado”.
Min Divindade egípcia, Divindade fálica, também da abundância, da fertilidade, da força, do poder e do vigor.
Bes Divindade egípcia, “Deus da Concupiscência e do Prazer”, de origem estrangeira, aparece de pé sobre um lótus; também é fálico.
Seth — Divindade egípcia, Senhor do Caos ou da desordem, também transmite força, poder e vigor. Atua de forma tripolar e muitas vezes atuará no campo do Trono Oposto ao Trono da Lei, pois sua presença gera a desordem, bem como sua ausência beneficia a Ordem Divina.
Savitri Divindade hindu, “su” raiz do nome (“estimular”)  é o “estimulador de tudo”.
Lóki Divindade nórdica, irmão de Odim, é Divindade de força e poder que muitas vezes direciona todo esse potencial de forma não compreensível. Incansável em suas ações, é em si o próprio mistério do Vigor agindo de forma dual, ora positivo e ora negativo.
Baal Divindade caldéia, cananéia e fenícia, “Senhor” ou “Esposo”. Também é um deus fálico.
Shulpae Divindade sumeriana com uma série de atribuições, incluindo fertilidade e poderes demoníacos.
Shullat Divindade sumeriana, consorte de Hanish. Servo do deus sol. Equivalente a Hermes, o mensageiro divino.
Kanamara Matsuri — Divindade japonesa, “falo de ferro”, senhor da fertilidade, reprodução e sexualidade, trazia fartura e a cura para a impotência e a esterilidade.
Baco Divindade grega do vinho e da vindina, da devassidão e do alvoroço.
Anzu Divindade babilônica, Águia de cabeça de leão, porteiro de Enlil, nascido na montanha Hehe. Apresentado como o ladrão mal-intencionado no mito de Anzu, mas benevolente no épico sumério de Lugalbanda.
Comentários: O Trono Masculino da Vitalidade, Exu, tem sido muito mal compreendido desde que fomos dominados por uma cultura que vê a união carnal como pecado original. A região sacra do corpo humano tornou-se algo a ser escondido como vergonhoso. A fertilidade divina perde sua relação com o vigor físico, logo as Divindades fálicas são mal compreendidas e facilmente associadas a algo negativo. Espiritualmente o órgão sexual, responsável pela concepção, geração, multiplicação e perpetuação da espécie é divino, sem dúvida, sendo algo negativo a “bestialização” do que nos foi reservado para o Amor. Logo, a vitalidade, o vigor e o estímulo são algo essencial para a vida, pois é aplicado não apenas com ­conotação ­sexual e sim em todos os campos da vida, pois uma pessoa desvitalizada ou desestimulada, rapidamente, vai perdendo a vontade de ­viver.
Entendemos assim que, como esse, muitos outros mistérios e tronos de Deus são incompreendidos; nossos tabus e conceitos muitas vezes encobrem a visão do que é sagrado e divino em nossas vidas.
Bibliografia: Deus, Deuses, Divindades e Anjos. Alexandre Cumino, Ed. Madras.

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