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segunda-feira, 4 de abril de 2011

Orixá Exu – O Trono da Vitalidade Por Alexandre Cumino

Orixá Exu – O Trono da Vitalidade
Por Alexandre Cumino

Antes, algumas palavras sobre este trabalho e pesquisa comparativa entre Orixás e outras Divindades.

Sabemos que Deus é um só manifesto por meio de muitos nomes diferentes, que implicam culturas e formas diversas de entendimento e concepção do que Ele vem a ser. Também podemos caracterizar este fato como essência e forma, Deus é “Essencia” que se manifesta por diferentes “Formas”, segundo a cultura e o perfil coletivo e individual. Por esta razão é tão importante que hajam muitas religiões, pois cada uma atende umas maneira diversa de entender e expressar a realidade em que vivemos e o sagrado que permeia esta realidade.

As formas mudam e assim podemos dizer que uma forma não é igual a outra ou que são “coisas” distintas, sem medo de errar, mas ao mesmo tempo são de mesma essência.

Poderão dizer que Alá é diferente de Adonai e este de Braman, Tupã, Olorum, Ptah, Wakan Tanka, Jah... sim são diferentes na forma, desde a diferença na lingua e cultura de origem até a diferença ritual e doutrinaria de cada religião se conectar ou relacionar-se com Deus, por estas formas variadas. Logo UM não é a “mesma coisa” que OUTRO, mas guardam a mesma “essência primeira” e “original”. É Deus em suas variadas formas, em todos os casos acima e muitos outros estamos nos referindo ao mesmo “Principio – Essência”.

Com as Divindades de Deus se dá o mesmo fenômeno, uma mesma essência se manifesta por formas e culturas variadas, se assim não fosse a cada religião criada pelo homem Deus haveria de criar novas Divindades. Logo não são “culturalmente” as mesmas, mas guardam uma mesma essência, uma mesma origem comum, a que podemos chamar de “Tronos de Deus”. O que aqui tem o significado de “Divindades de Deus” em sua forma pura, na essência, em Deus, antes da nomeação e aculturação de cada um com nomes e formas. O termo “Trono” já existe na cultura Judaico-cristã, mas aqui foi “re-significado” para identificar a Divindade em sua essência original, que em cada cultura recebe diferentes nomes e formas.

O maior mitólogo que tenho conhecimento chama-se Joseph Campbell e em seus trabalhos afirma que “os mitos se repetem nas culturas diversas”, o homem os repete pois eles trazem “chaves de interpretação” de nossa realidade.

Quando um mito se repete ele apresenta um mesmo arquétipo, perfil ou qualidade, segundo um dos mais importantes Mestres da Psicologia Carl Gustav Jung estes arquétipos estão no inconsciente coletivo, ou seja em uma “memória inconsciente” que não pertence a ninguém e ao mesmo tempo pertence a todos. Em diferentes culturas se apresentam os mesmos arquétipos.

Mircea Eliade o maior de todos os pesquisadores e estudiosos de História das Religiões de forma comparada, afirma que os “fatos religiosos” se repetem ao infinito.

Estas repetições se dão porque tudo tem uma mesma origem divina que se repete nas diversas culturas, o que vem do alto se multiplica no meio, Rubens Saraceni e Pai Benedito afirma quem “Deus cria e se multiplica o tempo todo”, “Deus cria em si e a partir de si, em si mesmo Ele cria as Divindades e a partir de si cria os seres em evolução e suas realidades ou mundos”, ao mesmo tempo ele está em tudo e todos pois: “somos uma parte d’Ele e Ele é, todos nós, por inteiro”.

Alguns Umbandistas do passado acreditavam que a origem comum dos “fatos religiosos” que se repetem estava no mundo objetivo e cultural, daí surgiu a teoria do AUMBANDÃ (Primeiro Congresso de Umbanda 1941), como fonte original de todas as religiões a ser restaurada pela Umbanda. A “constatação” do que seria um fato se deu por reconhecer que a Umbanda faz repetir o que já se praticava nas mais diversas religiões. A repetição se dá de forma natural pois a origem é divina, dos dons, arquétipos, divindades assim como das chaves de interpretação dos mitos que revelam e ocultam ao mesmo tempo os mistérios do Macro (Deus) e do Micro (Homen).

Como os estudos de religião e a interpretação dos fatos religiosos evoluem, surgem novas formas de abordar e interpretar os mistérios, de dentro para fora da religião e de fora para dentro da mesma. Assim temos olhares de história, sociologia, antropologia... e teologia para estudar estes fenômenos.

Também surgem novas palavras para definir novos conceitos até então inéditos, como os exemplos abaixo:

Panenteismo
Há uma diferença entre afirmar que “Tudo é Deus” e afirmar que “Deus está em Tudo”, a primeira afirmação se define por “Panteismo” a segunda ganhou um neo-logismo chamado “Panenteismo”, podemos dizer que nós Umbandistas somos “panenteistas” pois “vemos” e reconhecemos Deus em tudo, sem no entanto confundir o todo com as partes.

Mono-politeismo
Da mesma forma reconhecemos um Deus único e reconhecemos que tem muitos nomes e divindades associadas, quem crê em um Deus Único é “Monoteista”, quem crê em muitos deuses é “Politeista”, também há um “neo-logismo” para quem crê em um Deus único e muitas Divindades, que manifestam suas qualidades, “Mono-politeismo”. Também Podemos dizer que somos, nós umbandistas, “Mono-politeistas”, Monoteistas com relação ao Deus Único e Politeistas com relação as suas divindades. 

É dentro destes conceitos de que Deus Cria se Repetindo (Multiplicando) e se Repete (Multiplica) criando, que em 1999, Rubens Saraceni, afirmou que se procurássemos em outras culturas encontraríamos divindades análogas aos Orixás com outros nomes. E que tanto os Orixás quanto as demais divindades são formas de uma mesma essência, pois é a forma que cada cultura diversa, encontrou para culturas as Divindades de Deus ou “Tronos de Deus”.

Esta forma de pensar já pertencia ao africano que reconhecia nas divindades Bantu-Angolanas, Inquices, os mesmos Orixás da cultura Nagô, com outros nomes. Tanto é fato que é muito comum encontrarmos “Candomblés de Angola” cultuando os Orixás da Cultura Nagô-Yorubá, que tem origem na Nigéria e parte do Benim. O mesmo se deu entre alguns grupos Jejê que cultuam os Voduns que gerou Tambor de Mina no Maranhão e Voodoo no Haiti.
Logo compreendo que não seja exatamente a mesma coisa nos referirmos a Oxum, a grega Afrodite, romana Vênus,  hindu Lakshmi, egípcia Isis, nórdica Freyja, celta Blodeuwed, chinesa Kwanin, asteca Xochiquetzal e outras... Mas nos remetem a uma mesma essência e seu estudo comparado nos ajuda a compreender mais e melhor as “chaves”, que os mitos revelam e ocultam, bem como o estudo comparado nos mostra que da nossa forma, do nosso jeito, estamos fazendo o mesmo que já fizemos em tantas outras encarnações, cultuando Deus e suas Divindades por meio de seus diversos nomes.

Há ainda casos de divindades que trazem em si qualidades de muitos “Tronos Originais”, como Logunedé que tem qualidades de Oxossi  e Oxum; Oxalufã que tem qualidades de Oxalá e Obaluayê; Shiva que tem qualidades de Xangô, Omulu, Iansã, Obaluayê e Exu; Hermes que tem qualidades de Oxossi e Exu... claro segundo meu ponto de vista e interpretação. Logo há divindades que intermediam para muitas outras divindades o que apenas marca seu perfil. O que não invalida o estudo, apenas nos aguça a estudar mais e mais estes mistérios encantadores que são em si as diversas manifestações de Deus e suas Divindades.

No cristianismo negam-se as divindades, no entanto os vários santos católicos formam, praticamente, um panteão de “semideuses”, cada santo ocupa o lugar de um ou mais “Tronos de Deus”. O que foi uma necessidade, durante o período de expansão do Catolicismo, pois os vários cultos à “Deusa do Amor”, por exemplo, ou simplesmente ao “Trono Feminino do Amor”, tem uma função e razão de ser junto á humanidade; o que revela um arquétipo, mitos e sua presença no inconsciente coletivo. Desta forma os santos passaram a ocupar e manifestar as qualidades, virtudes e mistérios que pertencem às divindades (Tronos de Deus). Nossa Senhora praticamente assumiu a posição de Feminino de Deus, é ela a idealização da Grande Deusa, e em seus mais variados nomes vai apresentando os mistérios diversos de muitas divindades femininas em seus diversos nomes e arquétipos.
Encontramos Nossa Senhora das Graças, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora das Virtudes, Nossa Senhora dos Navegantes, Nossa Senhora das Dores, Nossa Senhora da Saúde, Nossa Senhora Desatadora dos Nós e outras, em que cada uma manifesta um mistério diferente na criação.


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