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quinta-feira, 14 de abril de 2011

A Umbanda e os Yoga-Sutras Por André Moura



Mais uma vez volto com o tema das comparações entre a Umbanda e outras religiões ou sistemas filosóficos. Neste caso, tratamos dos Yoga-Sutras escrito por Patañjali no século VI a.C. A palavra “yoga” em sânscrito tem um significado de “unir” enquanto que a palavra “sutra” tem um significado que se aproximaria de “um fio de pensamento”, ou seja, um aforismo. Assim, os Yoga-Sutras seriam os “aforismos da união”, no caso, da união com Algo Maior. Daí, o significado do livro famosíssimo da Índia: o Kama-Sutra – aforismos do desejo.
Pois bem, vamos ao que interessa. Passo a transcrever o sutra 39 – e seu comentário - da parte intitulada Vibhuti-Pada, do livro “A Ciência do Yoga” do escritor Dr. I. K. Taimni publicado pela Editora Teosófica.

“Bandha-karana-saithilyat pracara-samvedanac
Ca cittasya para-sariravesah.

O poder de entrar no corpo de outra pessoa é um siddhi [realizações, poderes] muito conhecido, que os ocultistas, às vezes, utilizam em seu trabalho no mundo exterior. Não deve ser confundido com obsessão, com a qual se parece externamente. Na obsessão, a entidade que entra no corpo é um tipo inferior de alma desencarnada, prisioneira do desejo, que toma posse do corpo físico de sua vítima pela força, a fim de estabelecer algum tipo de contato temporário e parcial com o mundo físico para satisfazer seus desejos.

No exercício deste poder por um yogi de uma ordem mais elevada, é tomada posse do corpo de outra pessoa, primeiramente, com o consentimento e o conhecimento da pessoa que, em geral, é um discípulo do yogi e, portanto, está em perfeita sintonia com ele. Em segundo lugar, não se trata de satisfação de qualquer desejo pessoal do yogi. Ele toma posse do corpo de outra pessoa a fim de realizar algum trabalho importante e necessário para auxiliar a humanidade. Na maioria dos casos, a finalidade do yogi pode ser alcançada mediante a materialização temporária de outro corpo artificial, por meio de sua kriya sakti, no ambiente em que ele queira realizar o seu trabalho.

Este corpo artificial, conhecido como nirmana-kaya, apresenta, porém, certas limitações, podendo ser mais conveniente que ele tome o corpo de um discípulo pelo tempo que for necessário. Nessas condições, o discípulo sai do corpo, e o yogi o ocupa. Durante esse período o discípulo permanece nos planos mais elevados, em seu veículo mais sutil, voltando a ocupar seu corpo quando este ficar vago.


Algumas pessoas, especialmente no Ocidente, sentem uma aversão peculiar por essa idéia de alguém ocupar o corpo de outrem. Não há, porém, justificativa para este tipo de sentimento, já que o corpo não passa de uma mera moradia ou um instrumento para o trabalho da alma no plano físico. Não nos importamos de tomar por empréstimo a casa ou o carro de um amigo, temporariamente. O que, então, está errado em um yogi tomar emprestado o corpo de outra pessoa que está disposta para obsequiá-lo?

Este sentimento de repulsa deve-se, sem dúvida, ou a nossa completa identificação com o corpo físico ou ao fato de, equivocadamente, pensarmos que a ocupação do corpo de outrem, desta maneira, significa necessariamente o domínio de sua vontade.

Há duas condições que devem ser preenchidas antes que o yogi esteja apto a exercer esse poder. A primeira é o “relaxamento da causa da escravidão”. Escravidão, no caso, obviamente significa apego à vida, em geral, e ao corpo físico, em particular. A causa fundamental de ambos os aspectos são os cinco klesas que produzem os veículos dos karmas, conforme explicado em II-12. Esta escravidão é relaxada, embora não completamente destruída, quando o yogi tiver atenuado os klesas e exaurido suficientemente seus karmas através da prática do Yoga.

A segunda condição é que o yogi deve ter um conhecimento detalhado das passagens ou canais pelos quais o centro da mente passa, quando ele entra ou sai do corpo. Diferentes nadis no corpo servem a propósitos específicos, e uma delas, denominada citta-vaha-nadi, serve como uma passagem para o centro mental, quando ele entra ou sai do corpo. Por centro mental entende-se o centro comum dos veículos superfísicos, através dos quais citta funciona.

Muitas pessoas não compreendem que o exercício dos poderes do Yoga baseia-se no conhecimento detalhado e preciso dos veículos físico e superfísicos, tornando-se necessário um rigoroso treinamento na aplicação deste conhecimento a propósitos específicos. O Yoga é uma ciência e suas exigências são tão exatas quanto as da ciência física.”

Bem irmãos, creio que não é necessário se prolongar mais no assunto. O texto fala por si mesmo. Devemos sempre estar cada vez mais estudando e compreendendo melhor a Umbanda, pois como pudemos observar, nossos Irmãos Guias já passaram por vários graus de aprendizado até chegarem a ser o que são. Não esperaram que o conhecimento caísse do céu já mastigado.

Assim, urge que a comunidade umbandista estude a sua Teologia, os seus Fundamentos para que não mais tenhamos que ouvir aquela desculpa esfarrapada : “o meu guia precisa saber, eu não”!!! Pois é pela falta destes fundamentos, que a própria evolução pessoal (do indivíduo em si) e coletiva (da comunidade umbandista como um todo) é atrasada no plano físico. Se fízéssemos o nosso “dever de casa” estaríamos – quem sabe – no “colegial” ao invés de ainda tropeçarmos no “primário”.

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