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sexta-feira, 15 de abril de 2011

O Preto Velho


O Preto Velho
Dando início a uma destas reuniões mediúnicas num centro espírita orientado pela doutrina de Allan Kardec, foi feita a prece de abertura por um dos presentes.
Iniciando-se as manifestações, pequenas mensagens de consolo e apoio,
foram dadas pelos desencarnados aos membros da reunião.
Quando se abriu espaço destinado à comunicação de Espíritos necessitados,
ocorreu o inesperado: a médium Letícia fica sob a influência de um Espírito.
O dirigente, como sempre fez nos seus vinte e tantos anos de prática espírita,
deu-lhe as boas-vindas, em nome de Jesus.
- Seja bem-vindo, meu irmão, nesta casa de caridade, disse-lhe Dr. Anestor.
O Espírito respondeu:
- “Boa noiti, Fiu. Suncê mi dá licença prá eu mi aproximá di seus trabaios, Fiu?”
- “Claro, meu companheiro, nosso centro espírita está aberto a todos os que
desejam progredir, respondeu o diretor da mesa.”
Todos os presentes perceberam que a entidade comunicante era um preto-velho.
A entidade continuou:
- “Vóismicê num tem aí uma cachacinha prá eu bebê, Fiu?”
- “Não, não temos, disse-lhe Dr. Anestor. Você precisa se libertar destes costumes
que traz dos terreiros, que é o de ingerir bebidas alcoólicas.
O Espírito precisa evoluir, completou o dirigente..”
- “Vóismicê num tem aí um pito? Tô cum vontadi di pitá um cigarrim, Fiu.”
- “Ora, meu irmão, você deve deixar o mais breve possível este hábito adquirido nas práticas de terreiro, se é que queres progredir. Que benefícios traria isso a você?”
O preto-velho respondeu:
- “Pretu-véiu gostô muitu di suas falas, mais suncê i mais arguns dus médius num faiz usu du cigarru, Fiu? Suncê mesmu num toma suas bibidinha nus fins di sumana? Vóismicê podi mi ixplicá a diferença qui tem u seu Isprítu qui beberica ‘whisky’ lá fora, du meu Isprítu qui qué bebê aqui dentru? Ou explicá prá mim, a diferença du cigarrim qui suncês fuma na rua, daqueli qui eu queru pitá aqui dentru, Fiu?”
Dr. Anestor não pôde explicar, mas resolveu arriscar:
- “Ora, meu amigo, nós estamos num templo espírita e é preciso
respeitar os trabalhos de Jesus.”
O preto-velho retrucou, agora já não mais falando como caipira:
- “Caro dirigente, na escola espiritual da qual faço parte, temos aprendido que o verdadeiro templo não se constitui nas quatro paredes a que chamais centro espírita.
Para nós, estudiosos da alma, o templo da verdade é o do Espírito. E é ele que está
sendo profanado com o uso do álcool e do fumo, como vêm procedendo os senhores. Vosso exemplo na sociedade, perante os estranhos e mesmo seus familiares, não tem sido dos melhores. O hábito, mesmo social, de beber e fumar, deve ser combatido por todos os que trabalham na Terra em nome do Cristo. A lição do próprio comportamento
é fundamental na vida de quem quer ensinar.”
Houve grande silêncio diante de tal argumentação segura.
Pouco depois, o Espírito continuou:
- “Suncê me adescurpa a visitação que fiz hoje, e o tempo que tomei do seu trabaio.
Vou-mi imbora pra donde vim, mas antes, Fiu, queria deixá a suncês um conseio:
que tomem cuidado com suas obras, pois, como diria Nosso Sinhô, tem gente cuando musquitu e ingulindu camelo. Cuidado, irmãos, muito cuidado. Pretu-véiu deixa a todos um pouco da paz que vem de Deus. Ficam meus sinceros votos de progresso a todos
os que militam nesta respeitável Seara.”
Dado o conselho, afastou-se para o mundo invisível. Dr. Anestor ainda quis perguntar-lhe o porquê de falar “daquela forma”, mas não houve resposta. No ar ficou um profundo silêncio, uma fina sensação de paz e uma importante lição para todos meditarem.

“Tende como templo: O Universo;
Como altar: A Consciência;
Como Lei: A Caridade;
Por Imagem: Deus”

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